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Santarém(PA), Quinta-Feira, 25 de Abril de 2024 - 08:12
18/10/2022 as 08:20 | Por Redação |
Extrativistas da Flota Trombetas recebem 4ª etapa da formação de agentes ambientais.
O Projeto LIRA - Legado Integrado da Região Amazônica chama atenção para a relevância das Áreas Protegidas na conservação da Amazônia
Fotografo: Reprodução
As capacitações fazem parte do projeto financiado pelo Fundo Lira com apoio de parceiros locais.

Falar sobre a formação de agentes ambientais comunitários com quem sobrevive da comercialização dos produtos da sociobiodiversidade, este foi o objetivo da quarta etapa do projeto "O Uso das Geotecnologias no Apoio à Gestão dos Produtos da Sociobiodiversidade e Proteção Territorial" que desde junho deste ano é desenvolvido pela Associação Mista Agrícola Extrativista dos Moradores da Comunidade de Jamaracaru e Região (Acaje), com recursos do Fundo Lira e parceria do Instituto de Desenvolvimento Florestal e Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio), Prefeitura de Óbidos e Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Nesta etapa do projeto foram ministradas capacitações voltadas a legislação e educação ambiental e, media training, visando o fortalecimento ao combate de ilícitos ambientais e a formação de porta-vozes. 

  

O primeiro tema abordado foi legislação ambiental, que abordou sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), Áreas Protegidas e Lei de Crimes Ambientais. “A gente mostrou para eles o que é uma reserva legal, Amazônia legal, mata atlântica, e situou, você está na Amazônia Legal, dentro de uma unidade de Conservação de Uso sustentável, em uma Floresta Estadual. A intenção é mostrar para eles o que eu posso fazer, e o que eu não posso fazer segundo a legislação e também o plano de manejo, para que depois eles possam replicar este conhecimento já que eles serão os novos agentes ambientais comunitários formados aqui na Flota Trombetas. O grande foco aqui é que o uso consciente deles legitima a floresta em pé, e ao final eles se viram como comunidade tradicional e como integrantes deste grupo que mantem a floresta em pé”. Enfatizou a pesquisadora do Imazon, Regiane Vilanova,  

  

Outro tema abordado durante a capacitação foi educação ambiental, onde foram abordadas campanhas de preservação ambiental e de combate ao desmatamento. “Eles trabalham com o manejo da castanha e a gente sabe que o tema aborda o desmatamento, então apresentamos a campanha SOS castanheiro e Óbidos Sempre Verde para que eles possam ter conhecimento e também repassar para os demais associados. A educação ambiental é primordial para a formação de crianças, jovens e adolescentes, pensando no futuro do nosso país”, enfatizou Erick Souza, técnico em Meio Ambiente da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Óbidos. 

  

Desde 2018 a Fabiane Teixeira Soares trabalha com a coleta da castanha dentro da Unidade de Conservação da Flota Trombetas, sem tempo para continuar os estudos ela acabou trancando o curso técnico em meio ambiente. “Os conhecimentos adquiridos aqui foram muito importantes principalmente pra nós que trabalhamos diretamente na Floresta com os recursos naturais. Para mim, na prática, isso se aplica compartilhando os conhecimentos adquiridos e com o uso da geotecnologia vai melhorar bastante por que a gente vai poder fazer o mapeamento da nossa área e apoiar na fiscalização. O que foi repassado aqui aprofundou o conhecimento que eu já tinha sobre as leis que nos protegem e também as que punem atos que possam ser cometidos lá dentro”, frisou Fabiana que sonha em concluir seu curso técnico no Instituto Federal do Pará (IFPA). 

  

A vice-presidente da Acaje, Daniela Lima, acompanha com expectativa cada fase do projeto, formada em técnico em meio ambiente, ela sabe a importância de empoderar os associados com as capacitações e formações.  “Essa capacitação, pra mim, é uma das mais importante que fala sobre as leis que muitos extrativistas não conhecem, a partir da capacitação todos nós passamos a ter conhecimento sobre o que pode e não pode fazer, os direitos de cada um, e daqui eles já vão sair bem fortalecidos para transmitir esse conhecimento para os outros que trabalham lá na flota. Ano passado nós tivemos uma luta muito grande e agora estamos avançando muito mais”, ressaltou Daniela Lima, vice-presidente da Acaje. 

  

Ainda dentro da programação foi realizada a capacitação para a formação de porta-vozes, o media training, que tem como objetivo abordar técnicas assertivas de comunicação, como conteúdo, postura, oratória e vestimenta. “A Acaje nos últimos anos conseguiu destaque com as capacitações e eventos que ela tem participado, então, eles precisam conceder entrevistas e, que ferramentas eles usam, o modo de falar, se vestir, como eles se portam diante das câmeras. Essa é uma formação de porta-vozes, não é um curso que está sendo ministrado somente para a Acaje, ele está dentro de um projeto maior, que é o uso das geotecnologias no apoio a gestão dos produtos da sociobiodiversidade e proteção territorial, é um projeto que o Fundo Lira juntamente com outros parceiros tem desenvolvido aqui no município de Óbidos com a associação dos castanheiros”, pontuou a jornalista Martha Costa, que ministrou a capacitação em media training. 

  

O projeto O Uso das Geotecnologias no Apoio à Gestão dos Produtos da Sociobiodiversidade e Proteção Territorial tem duração de 18 meses, está orçado em R$ 150 mil reais, é desenvolvido pela Acaje em parceria com o Ideflor-Bio, Imazon, Prefeitura de Óbidos e Polícia Ambiental com recurso financeiro do Fundo Lira e conta com capacitações voltadas ao fortalecimento institucional e formação em agentes ambientais comunitários. Além das capacitações o projeto conta ainda com a aquisição de equipamentos como notebooks, impressora, drone, GPS e materiais de uso e proteção pessoal como capacete, perneira para proteção contra picada de cobras, luvas e óculos.  

  

Sobre o Projeto LIRA 

O Projeto LIRA - Legado Integrado da Região Amazônica chama atenção para a relevância das Áreas Protegidas na conservação da Amazônia. As áreas protegidas são a base para o presente e garantem o futuro deste bioma, promovendo os ativos naturais do Brasil e a sabedoria ancestral dos povos da floresta. Para isso, a iniciativa idealizada pelo IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas, apoia organizações brasileiras locais que possam desenvolver trabalhos para a consolidação dessas áreas.  As organizações foram selecionadas via edital e trabalham como uma rede, gerando benefícios para a Amazônia em cerca de 80 milhões de hectares da Amazônia, em 43 Terras Indígenas e 43 Unidades de Conservação de 5 estados - uma área que corresponde a 3 estados de São Paulo.  

 

Com o projeto, é possível que as organizações realizem atividades importantes para a consolidação das Áreas Protegidas da Amazônia: o desenvolvimento de planos de gestão territorial e ambiental (PGTA) ou de manejo; a criação e implementação de mecanismos de governança; o uso sustentado dos recursos naturais; os sistemas de monitoramento e proteção; a integração com desenvolvimento regional; e a sustentabilidade financeira dessas áreas. Com ações complementares, o projeto busca ainda ampliar a geração de emprego nas localidades, melhorar a qualidade de vida da população e promover o desenvolvimento territorial aliado à conservação do meio ambiente. A iniciativa conta também com ações de capacitação (cursos, visitas técnicas e intercâmbios), de integração e de difusão de conhecimento e elaboração de um plano de promoção socioambiental para as regiões atendidas.   

 

O LIRA é apoiado por recursos do Fundo Amazônia e Fundação Gordon e Betty Moore, que são distribuídos pelo projeto às Organizações da Sociedade Civil. O projeto conta com metas, gestão e prestação de contas monitorados pelos financiadores e auditorias externas, garantindo a transparência do processo.  

lira,ipe.org,br 

  

Sobre o IPÊ 

O IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas é uma organização brasileira sem fins lucrativos que trabalha pela conservação da biodiversidade do país, por meio de ciência, educação e negócios sustentáveis. Fundado em 1992, tem sede em Nazaré Paulista/SP, onde também fica o seu centro de educação, a ESCAS - Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade. 

 

Presente nos biomas Mata Atlântica, Amazônia, Pantanal e Cerrado, o Instituto realiza cerca de 30 projetos ao ano, aplicando o Modelo IPÊ de Conservação, que envolve pesquisa científica, educação ambiental, conservação de habitats, envolvimento comunitário, conservação da paisagem e apoio à construção de políticas públicas. Além de projetos locais, o Instituto também desenvolve trabalhos em diversas regiões, seguindo os temas Áreas Protegidas, Áreas Urbanas e Pesquisa & Desenvolvimento (Capital Natural e Biodiversidade). 

 

Para o desenvolvimento dos projetos socioambientais, o IPÊ conta com parceiros de todos os setores e trabalha como articulador em frentes que promovem o engajamento e o fortalecimento mútuo entre organizações socioambientais, iniciativa privada e instituições governamentais. 

  

Sobre o Fundo Amazônia 

Gerido pelo BNDES, em coordenação com o Ministério do Meio Ambiente, o Fundo Amazônia é considerado o principal mecanismo internacional de pagamentos por resultados de REDD+ (redução de emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento e da degradação florestal). 

Até o final de 2019, o Fundo havia desembolsado R$ 1,17 bilhão, em mais de uma centena de projetos com órgãos públicos estaduais e federais, universidades, corpos de bombeiros florestais militares, e instituições da sociedade civil, contribuindo para a melhoria de vida da população da Amazônia e para conservação de seus recursos naturais. 

fundoamazonia.gov.br 

  

Sobre a Fundação Gordon e Betty Moore  

A Fundação Gordon e Betty Moore é uma fundação sem fins lucrativos que busca criar resultados positivos para as gerações futuras. Em busca dessa visão, a fundação promove descobertas científicas inovadoras e conservação ambiental, incluindo um bioma amazônico funcional para a natureza e a sociedade. 

 

Por: Martha Costa 

Fonte: Portal Santarém  

 

 




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