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03/09/2021 as 09:38 | Por Redação |
Ufopa participa de esforço internacional para salvar sapos-arlequins
Fungo quitrídeo Batrachochytrium dendrobatidis (Bd) causa a doença letal quitridiomicose, responsável pelo declínio de anfíbios em todo o mundo
Fotografo: Reprodução
São mais de 40 organizações de 13 países que trabalham juntas para salvar as espécies ameaçadas e atingidas por uma doença mortal

A Universidade Federal do Oeste do Pará integra a Iniciativa de Sobrevivência Atelopus (ASI), uma nova aliança de mais de 40 organizações de 13 países pela defesa dos sapos-arlequins (que compõem o gênero Atelopus), considerados as joias das florestas e riachos das Américas do Sul e Central, e um dos grupos de anfíbios mais atingidos pelo fungo quitrídeo Batrachochytrium dendrobatidis (Bd). 

Esse fungo causa a doença letal quitridiomicose, responsável pelo declínio de anfíbios em todo o mundo. Embora o Bd seja, provavelmente, o principal catalisador desses declínios, uma série de outras ameaças está contribuindo com as quedas no número de sapos-arlequins. Entre as ameaças estão a destruição e a degradação do hábitat, como resultado da agricultura, pecuária, exploração madeireira, mineração e desenvolvimento de infraestrutura; a introdução de espécies invasoras; poluição; coleta ilegal para o comércio de animais; e os efeitos das mudanças climáticas. 

Pesquisadores e conservacionistas vêm trabalhando há muitos anos para salvar os sapos-arlequins em seus países, mas, pela primeira vez, a ASI os está reunindo para compartilhar os recursos, décadas de experiência e conhecimento necessários para evitar a extinção de todo o gênero nos lugares onde essas espécies ainda sobrevivem. 

No Brasil são registradas três espécies desse gênero: Atelopus manauensis, espécie recém-descrita no ano de 2020, que está restrita a uma pequena região de planícies no entorno de Manaus; Atelopus hoogmoedi, que ocorre nos Escudos das Guinas e em áreas adjacentes do Norte do Brasil, nos estados do Pará, Amazonas, Amapá e Roraima; e Atelopus franciscus, que ocorre em Oiapoque, localizado no extremo Norte do estado do Amapá. 

Participação da Ufopa no projeto 

Ufopa faz parte dessa iniciativa internacional através da participação do professor Samuel Gomides, docente lotado no Campus Oriximiná. O pesquisador vem coletando informações sobre anfíbios e répteis da região Oeste do Pará, incluindo os sapos-arlequins. 

Sob a orientação do professor Samuel Gomides, a aluna de mestrado Francisca Beatriz Araújo, do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade (PPGBEES) da Ufopa, vem desenvolvendo sua dissertação de mestrado buscando compreender a influência de fatores climáticos na distribuição da espécie Atelopus hoogmoedi, que ocorre no Oeste do Pará. 

Segundo Gomides, é necessário intensificar as pesquisas para evitar a extinção: “Apesar de essas espécies pertencerem a um grupo muito ameaçado, nós sabemos pouco sobre a biologia e comportamento das espécies brasileiras e como a alteração do ambiente pode afetá-las. Por isso temos urgência em pesquisar mais sobre esses animais para evitar que eles sejam extintos, como já ocorreu em outros locais na América Latina”. 

A Iniciativa de Sobrevivência Atelopus inclui grupos nacionais e internacionais de conservação, zoológicos, centros de reprodução em cativeiro, instituições acadêmicas, governos e comunidades locais. No Brasil, fazem parte da ASI pesquisadores e conservacionistas da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Universidade Federal do Pará (UFPA), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e Projeto DoTS (Documenting Threatened Species). 

Sobre a Iniciativa de Sobrevivência Atelopus (ASI) 

A iniciativa foi lançada no dia 25 de agosto de 2021 após meses de reuniões para elaboração e construção do plano de ação para salvar as espécies desse gênero. "O gênero Atelopus está entre os grupos de anfíbios mais ameaçados do mundo", disse Ariadne Angulo, presidente do Grupo de Especialistas em Anfíbios da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). "Ao se reunir para implementar uma estratégia de conservação coletiva, a Iniciativa de Sobrevivência Atelopus está dando um passo fundamental para a conservação desses sapos altamente emblemáticos e dos habitats em que vivem", completou. Mais informações sobre a ASI aqui. 

Por que é importante salvar essa espécie? 

"Com suas belas canções e estilos de vida únicos, anfíbios estão entre os animais mais extraordinários da Terra, e, entre eles, os sapos-arlequins se destacam por suas incríveis cores", disse Luis Fernando Marin da Fonte, coordenador da ASI e diretor de Parcerias e Comunicação da Aliança para a Sobrevivência de Anfíbios (ASA). Segundo ele, os sapos-arlequins devem ser protegidos não apenas por sua beleza e singularidade, mas também por seu valor intrínseco e sua importância biológica, ecológica e até cultural. "Nas últimas décadas, muitas espécies de sapos-arlequins sofreram graves declínios populacionais e extinções em toda a sua distribuição. Hoje, das 94 espécies de sapos-arlequins avaliadas pela IUCN, 83% estão ameaçadas de extinção, e cerca de 40% das espécies de Atelopus desapareceram de seus habitats conhecidos e não são vistas desde o início dos anos 2000, apesar de esforços específicos para encontrá-las. 

Com informações e foto da Ascom/Ufopa 

Fonte: Portal Santarém  

 




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