Insatisfeitos com as demissões em massa de trabalhadores nas principais cidades do Estado, profissionais de segurança de empresas privadas de Santarém denunciam o Sindicato dos Vigilantes do Pará (Sindivipa).
De acordo com os vigilantes, o Sindivipa tem domínio total sobre as empresas de segurança privada e, que por isso, está ameaçando, perseguindo e demitindo diversos profissionais, para em seguida vender as vagas de trabalho.
Por conta disso, diversas denúncias de vigilantes foram protocoladas no Ministério Público do Trabalho (MPT) e no Ministério Público Federal (MPF), nos últimos meses, em Santarém.
Segundo os vigilantes, por causa do domínio do Sindivipa sobre as empresas, 12 funcionários foram demitidos em Santarém, 8 em Belém, além do registro de afastamento de trabalhadores também em Marabá e Itaituba.
"As denúncias sobre vendas de vagas estão todas no Ministério Público. Todos os vigilantes que bateram de frente com Sindicato foram demitidos. Alguém só consegue uma vaga de vigilante se pagar pro Sindicato", denunciou um vigilante, que pediu para ter a identidade preservada.
Ele acrescenta que alguns vigilantes que estão em atuação, trabalham coagidos pelo Sindicato.
"Tomara que o Ministério Público tome uma decisão, pois a gente tem medo deles (dirigentes do Sindivipa)", declarou o vigilante, revelando que alguns órgãos públicos repassam às empresas privadas tarefas colaterais, como segurança e limpeza de prédios. Porém, a falta de fiscalização favorece a corrupção.
"Quem compra a vaga no esquema não sabe em que órgão vai parar. Com as transferências constantes de lotação, os responsáveis pelo esquema evitam que o funcionário seja efetivado no posto, o que dificultaria uma posterior demissão", concluiu o vigilante.
DENÚNCIA
Em uma manifestação protocolada no dia 20 de fevereiro de 2019, no Ministério Público Federal, um vigilante deu a seguinte declaração aos procuradores da República:
"Existem pessoas que conseguem até certificado irregular por meio de pagamento. Preciso que mantenham o meu nome em sigilo por causa das ameaças. Quem bate de frente com eles e testemunha contra eles, pode ser demitido".
Um outro vigilante, em contato com nossa reportagem, foi mais além: "“Eu sou vigilante também, e acompanhei o caso desde o início. O diretor do Sindicato é quem esta por trás de tudo. Ele tem um novo laranja, que cobra por vendas de vagas. Agora, eles estão vendendo vagas pra Porto Trombetas. Tem uma empresa de segurança lá chamada ATQ, as vagas são solicitadas pro Sindicato e eles vendem no valor de 3.000 reais cada vaga. O efetivo dessa empresa é 90 % de Santarém. Quanto aos vigilantes de outras cidades, são esnobados por esse Sindicato. Veja até onde chega a falta de caráter deles, têm vigilantes de Oriximiná que não tem vez nessa empresa por esse motivo da venda. Enquanto a empresa ganha na logística e em passagens em ralação ao valor pra Oriximiná. Se o vigilante fosse de Oriximiná, 3 horas de viajem, ao custo de 35 reais a passagem de ida, ao total de 70 reais ida e volta; agora veja pra Santarém, logística 9 horas de viajem ao custo de 90 reais ida, no total de reais só de passagens. Por ai já é motivo de investigação. O Sindicato indicou mais de 20 vigilantes nesses dois meses atrás pra Porto Trombetas”, denunciou um vigilante, que prefere não ter seu nome divulgado, pois pode ser demitido.
Por: Manoel Cardoso
Fonte: Portal Santarém