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14/12/2021 as 08:23 | Por Redação |
Projeto conta história dos artistas que trabalhavam no cinema mudo em Santarém
A obra "A Voz do Cinema Silencioso", da multiartista Ana Marceliano Fona, conta a história de Vilma Nunes, avó da criadora
Fotografo: Reprodução
Ana Marceliano Fona é artista, professora e produtora, formada pelo curso de Licenciatura Plena em Teatro da Escola de Teatro e Dança da UFPA

Está disponível no youtube a mediametragem "A Voz do Cinema Silencioso", uma performance audiovisual sobre os artistas que executavam a música ao vivo durante a exibição de filmes do cinema mudo entre os anos 40 e 60 em Santarém, no Pará. O projeto, criado pela artista, professora e produtora Ana Marceliano Fona, foi contemplado com o edital de teatro da Secult por meio da Lei Aldir Blanc na categoria solo/performance. Devido a pandemia, a pandemia o projeto sofreu alterações para resguardar os cuidados necessários a evitar a propagação da covid-19. 

 

Segundo Ana Marceliano, “o projeto nasceu através do desejo de contar um pouco da história artística da minha família. Eu cresci ouvindo sobre como meus avós, tios e tias tinham uma grande relação com a arte. E eu como artista fiquei cada vez mais curiosa para conhecer os detalhes dessas lembranças. Então decidi começar a contar a história da minha avó”, explicou. 

 

Há indícios de que o cinema na década de 40 ainda era quase sempre mudo no oeste paraense, mas não significa que acontecia no silêncio. O cinema mudo tinha voz, a voz de cantoras e cantores líricos. “As películas eram acompanhadas também por musicistas, como pianistas, violinistas e orquestras de câmara que faziam a trilha dos filmes sem som. Com o advento do cinema falado algumas dessas vozes caíram no esquecimento. Como é o caso da minha avó, Vilma Nunes”, detalhou a criadora. 

 

"Esta performance evidencia um atravessamento entre os tempos históricos. A história se repete, seja em um sentido macro, onde grandes acontecimentos sociais e políticos tornam a se repetir de forma cíclica, quanto em uma dimensão pessoal, familiar, onde em uma mesma família as práticas artísticas continuam a acontecer atravessando gerações. É disto que se trata este trabalho. O que podemos aprender com a nossa história? O que queremos repetir?", contou Ana. 

 

Em relação aos desafios causados pela pandemia, Ana explicou que o projeto foi alterado para um formato híbrido, romance. “O trabalho híbrido envolve diversas linguagens artísticas: cinema, música, fotografia, performance. Eu tentei reconstruir, a partir de depoimentos, as memórias de vida da minha avó, remontando o tempo de sua juventude, por volta da década de 40 e 50 de quando cantava nos clubes, rádios e possivelmente no cinema mudo na cidade de Santarém”, explicou. 

 

A artista precisou realizar uma pesquisa documental, visitando o arquivo público de obras raras do Centro Cultural Tancredo Neves, bem como o Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós - IHGTAP em Santarém e outros espaços que fazem a salva guarda de documentos históricos oficiais e não oficiais, como os cinemas Olympia e Líbero Luxardo em Belém e o Centro Cultural João Fona em Santarém. 

 

“Concretizar esse processo sem dúvidas traz uma realização muito grande, porque foi muito difícil colocar em prática em tempos de pandemia. Não foi um trabalho fácil porque estamos falando de uma época bem distante, em que não temos muitos registros. Até para entrevistar os envolvidos foi complicado, talvez nosso maior desafio. Tivemos vários ciclos de fechamento de projetos enquanto a pandemia ainda estava bem agressiva. O que eu senti nesse trabalho, durante as pesquisas, entrevistas é o quanto é importante estarmos sempre em contato com o outro, para continuarmos dando vida para histórias e memórias. Enquanto as pessoas me contavam, elas iam relembrando grandes histórias. Vai além do registro físico, são lembranças”, destacou. 

 

Além do acesso ao trabalho na internet, a obra também está sendo exibida de forma presencial em escolas e instituições, com a presença das criadoras Ana Marceliano Fona, performance, e Renata Moreira, câmera, direção e edição.  Ana Marceliano Fona é artista, professora e produtora, formada pelo curso de Licenciatura Plena em Teatro da Escola de Teatro e Dança da UFPA, e pelo técnico em ator na mesma Instituição. É membro do Dirigível Coletivo de Teatro há 10 anos na cidade de Belém e, há 6 anos, integra o conjunto musical Bando Mastodontes. 

 

Fonte: O Liberal 

Fonte: Portal Santarém 

 

 




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