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23/12/2019 as 11:06 | Por Da Redação |
Pará ocupa o 11º lugar no ranking de crianças e adolescentes com câncer
.158 menores já receberam resultados positivos de exames, nos últimos sete anos
Fotografo: Reprodução
Em 2019, até novembro, foram 153 crianças e adolescentes diagnosticadas com a doença

O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) estima que ocorreram cerca de 12.500 novos casos de câncer infantil no Brasil a cada ano. Todos os dias, mais de 20 crianças e adolescentes, de zero a 19 anos, são diagnosticadas com câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O alerta é da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que chama a atenção da sociedade à necessidade do diagnóstico precoce da doença que mais mata nessa faixa etária.

No Pará, ainda de acordo com o Painel de Monitoramento do Tratamento Oncológico (Painel-Oncologia) - que são dados do Ministério da Saúde apresentados pelas Secretarias Estaduais de Saúde - analisados neste mês pela SBP, 1.158 crianças e adolescentes receberam resultados positivos de exames para identificar neoplasias, nos últimos sete anos. Assim, o Pará ocupa o 11º lugar no ranking das 27 unidades federativas no País.

No Estado, em 2013 ocorreram 124 casos. Em 2014 foram 150. No ano de 2015 eram 136. Em 2016, 157. Já em 2017 foram 176. No ano passado, 2018, o número foi maior que todos no Estado: 262. Em 2019, até novembro, foram 153 crianças e adolescentes.

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), no Hospital Oncológico Infantil Doutor Octávio Lobo, em Belém, hoje cerca de 950 crianças estão em tratamento. Já no Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém, oeste do Estado, há 63 crianças e adolescentes em tratamento. Não fugindo da literatura mundial de que nas crianças e adolescente há predominância dos tumores líquidos, no Pará, o câncer mais frequente é a leucemia, seguida dos linfomas, câncer de rim e do sistema nervoso central.

Ambos os hospitais atendem pelos pacientes referenciados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pertencem ao Governo do Estado.

A Sespa informa ainda que as crianças e adolescentes, de zero a 19 anos, com suspeita de câncer são encaminhadas para o Hospital Oncológico Infantil Doutor Octávio Lobo à primeira consulta e exames especializados para confirmação da doença. 

“O tratamento é realizado no próprio Hospital, que atende a pacientes de todas as regiões do Pará, com exceção do Baixo Amazonas, Xingu e Tapajós, que são referenciados para o Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém”. 

Destaques no Brasil

Em nível de Brasil, à frente do Pará estão em destaque os estados de São Paulo, com 8.257 crianças e adolescentes que já receberam resultados positivos de exames para identificar neoplasias. Em seguida, Minas Gerais (4.038), Paraná (2.897), Rio Grande do Sul (2.720), Ceará (2.494), Bahia (2.348), Rio de Janeiro (2.069), Santa Catarina (1.927), Goiás (1.446) e Maranhão (1.289). No outro extremo aparecem Amapá (com 69 diagnósticos), Roraima (109), Sergipe (151) e Acre (166).

“Essa distribuição atesta a necessidade de ampliar o acesso das populações das regiões menos desenvolvidas e distantes a centros especializados para o diagnóstico e o tratamento do câncer. O cenário atual reforça ainda o quadro de desigualdades na área da saúde e tira chances de cura e de sobrevida para milhares de crianças e adolescentes que não conseguem fazer exames ou ter a atenção de especialistas”, disse a presidente da SBP, doutora Luciana Rodrigues Silva.

Ainda ao analisar os dados, a SBP identificou que 41.090 mil crianças e adolescentes receberam resultados positivos de exames para identificar neoplasias entre 2013 e novembro deste ano no Brasil. Do total no País, 5.138 ocorreram em 2013; 5.090, em 2014; 5.105, em 2015; 5.149, em 2014; 5.058, em 2015; 9.261, em 2018, e 6.289 ocorreram até novembro deste ano.

Os diagnósticos envolvem a leucemia linfoide (7.838), neoplasia maligna do encéfalo (3.336), doença de Hodgkin (2.724) e leucemia mielóide (2.632). Para essa faixa etária, a modalidade terapêutica mais indicada foi a quimioterapia (26.564), seguida de cirurgia (5.458).

Importância do diagnóstico precoce

Ainda para a presidente da SBP, os números confirmam a importância da detecção do câncer em seus estágios iniciais - o que melhora as chances de cura, aumenta a possibilidade de sobrevida e impacta na qualidade de vida dos pacientes.

“É importante valorizar as queixas das crianças e levá-las regularmente ao pediatra. Na maioria das vezes, elas sinalizam para doenças comuns da infância, mas em alguns casos pode ser uma condição mais séria”, pontua.

Segundo ela, o pediatra tem papel essencial no diagnóstico do câncer. Para tanto, considera fundamental que os pais ou responsáveis realizem as consultas pediátricas regulares, visando a identificação precoce da doença.

“Nas crianças, geralmente as doenças se apresentam com sintomas inespecíficos, semelhantes aos de transtornos comuns da infância. Isso pode levar a retardo no diagnóstico de câncer. Infelizmente, baseado nos dados dos registros consolidados, muitos pacientes no Brasil ainda são encaminhados aos centros de tratamento com a doença em estágio avançado”, destacou.

A presidente do Departamento Científico de Oncologia da SBP, doutora Denise Bousfield, aponta para um fator relevante na análise do câncer infantojuvenil. “Ao contrário do que acontece com a população adulta, em crianças e adolescentes, não há evidências científicas, até o momento, de associação clara entre a doença e fatores ambientais”.

Por isso, ela frisa que o diagnóstico precoce e o tratamento em centros de referência em oncologia pediátrica são importantes. “O câncer nessa faixa etária deve ser diagnosticado e tratado o mais precocemente possível, pois comparativamente com adulto, ele tende a apresentar menores períodos de latência, crescer quase sempre rapidamente e ser geralmente invasivo”, alertou.

Bousfield enfatiza, também, que a sobrevida estimada no Brasil por câncer na faixa etária entre zero e 19 anos é de 64%, segundo dados disponibilizados pelo Inca. “É imprescindível nas primeiras décadas de vida difundir o conhecimento sobre os efeitos dos fatores de risco na expectativa média de vida da população. Além de desenvolver estratégias preventivas que envolvam diversos setores da sociedade, visando à mudança de modos de vida baseada em evidências para prevenção do câncer na idade adulta”, entafiza a doutora.

“Já houve tempo em que o câncer era considerado uma doença exclusiva da população adulta. O avanço da ciência e da tecnologia atestam que essa doença afeta crianças e adolescentes, mas com um alento: quão mais cedo é feito o diagnóstico, melhores são as possibilidades de evolução para um prognóstico positivo. Daí a relevância desses números chamarem a atenção dos brasileiros e das autoridades às medidas que podem e precisam ser tomadas com urgência, para preservar a vida e a saúde de quem é responsável pelo futuro da Nação”, finaliza a doutora Luciana Rodrigues Silva.

Fonte: O Liberal

 




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