A obra de construção de uma passarela e um píer para a contemplação da natureza sobre a Praia do Maracanã, em Santarém, gera críticas do coordenador da Frente em Defesa da Amazônia (FDA), padre Edilberto Sena.
Segundo ele, a obra foi iniciada de forma desrespeitosa e, por isso, está gerando impactos ambientais, sociais e econômicos irreversíveis, para a comunidade local.
"A obra em construção no Maracanã é mais um desrespeito do poder público, para com os moradores do bairro inteiro e da população de Santarém. Por justiça, a administração pública deveria respeitar a convenção 169 da OIT, que exige previamente ao empreendimento, uma consulta que deve ser informada e livre", declarou Sena.
Para ele, a finalização da obra poderá decretar a extinção da última praia da zona urbana de Santarém. Por conta disso, padre Edilberto reforça que os responsáveis pela obra deveriam ter consultado a população, antes de iniciar a obra.
"Para isso, a administração pública deveria enviar o projeto completo para as organizações do bairro, para ser analisado. Porém, foram menos da metade dos moradores que decidiram se era adequado ou não", ressaltou, Sena, comentando que o poder público fez apenas uma reunião com algumas pessoas e, depois começou a implantar o empreendimento.
"A maioria dos moradores, conforme a reunião de quarta-feira (29), com 30 participantes, todos mostraram que são contra a construção. Isso é mais um arbitrariedade contra a cidade e o povo! ", exclamou, Sena.
REUNIÃO
Na última quarta-feira, 29, uma reunião realizada pela Associação de Moradores do Bairro do Maracanã, na Escola Municipal Dom Floriano, teve como objeto encontrar soluções para os impactos ambientais, sociais e econômicos decorrentes das obras que estão sendo executadas sobre a praia.
A reunião contou com a participação de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Subseção de Santarém, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Igreja, Polícia Militar e Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), além de presidentes das demais associações de moradores do Maracanã I e II e Elcione Barbalho.
Durante o encontro, a presidente da Associação dos Moradores do Bairro do Maracanã, Tânia Viana, contou que os turistas que frequentam a praia, começaram a cobrar um posicionamento das autoridades, por conta das obras.
"Os turistas começaram a reclamar dos problemas dessa obra diretamente para à comunidade. Essa obra, já está trazendo prejuízo econômico, social e ambiental para essa comunidade", afirmou, Tânia.
A OBRA
Iniciada no segundo semestre de 2019, a obra consistirá na construção de 443 metros de orla e mais 60 metros de píer, com espaço para contemplação da natureza e otimização da economia ao promover o uso do local também pela noite.
As obras estão orçadas em R$ 3.800.926,63, sendo R$ 280.508,39 de contrapartida do governo municipal, e o restante de recursos provenientes do Ministério do Turismo, via emenda parlamentar do deputado federal José Priante (MDB). A empresa Moita Pessoa Serviços de Construção Ltda é a responsável pela execução dos serviços. Segundo a empresa, cerca de 40% da obra já foi executada, com fundação e a cravação das estacas de concreto. A empresa responsável trabalha agora na estrutura da passarela, colocando pilares e escoramentos.
Por: Manoel Cardoso
Fonte: Portal Santarém