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Santarém(PA), Quinta-Feira, 25 de Abril de 2024 - 04:54
02/09/2020 as 08:12 | Por Redação |
MPF/PA abre investigação sobre curso de missionário e ruralista que custaria R$ 236 mil à Funai
Para o MPF, “é necessária a apuração sobre a realização de gastos dessa espécie em plena pandemia do novo coronavírus”
Fotografo: Reprodução
Há suspeita de desvio de finalidade em curso de pós-graduação com custos altos em plena pandemia de covid-19

O Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação sobre a abertura, pela Fundação Nacional do Índio (Funai), de um processo interno para ofertar um curso de pós-graduação em antropologia que vai custar R$ 236 mil aos cofres da autarquia, em um momento em que as entidades indígenas cobram ações do governo federal para o combate à covid-19 nas aldeias, com a necessidade evidente de mais recursos. Para o MPF, “é necessária a apuração sobre a realização de gastos dessa espécie em plena pandemia do novo coronavírus e também sobre uma possível ocorrência de desvio de finalidade.”

Há suspeita de desvio de finalidade por possível realização de gastos não imprescindíveis. O MPF enviou uma série de questionamentos para a presidência da Funai sobre a proposta de pós-graduação, que seria coordenada por um pastor e um ruralista. O pastor Ricardo Lopes Dias é da coordenação de índios isolados da Funai. Ele teve a nomeação questionada judicialmente pelo MPF e chegou a ser afastado do cargo por sua ligação com a organização missionária Missão Novas Tribos do Brasil, que defende publicamente o contato forçado com indígenas isolados. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) permitiu que ele continuasse na coordenação e o MPF aguarda julgamento de recurso.

Além do pastor, o outro coordenador listado na proposta de curso apresentada na Funai é Cláudio Eduardo Badaró, que já foi designado como coordenador de um grupo de trabalho para demarcação de terras indígenas no Acre e teve a nomeação também questionada pelo MPF, por não possuir a formação exigida em antropologia para a tarefa. Badaró não tem qualificação técnica para a função e já atuou em ações judiciais contra os povos indígenas e contra a demarcação de terras indígenas. De acordo com reportagem do jornal O Globo, pelo curso Ricardo Lopes Dias receberia o montante de R$ 77 mil e Cláudio Badaró, R$ 72,7 mil.

Ao presidente da Funai, Marcelo Xavier, o MPF enviou uma série de questionamentos que devem ser respondidos no prazo de cinco dias. Veja as perguntas enviadas à Funai:

Apresente justificativa para a realização da referida despesa em plena pandemia;

Quem serão os alunos e quais serão os critérios de seleção?

Qual a instituição que ofertará o curso em parceria com a Funai e qual a sua competência/atribuição para tanto?

Porque não utilizar servidores públicos, que receberiam apenas diárias/horas aula para ministrar as aulas do referido curso?

Qual foi o critério utilizado para a contratação dos "professores organizadores"?

São pesquisadores reconhecidos pelo CNPQ com bolsa-produtividade?

São professores universitários?

Tem vasta produção bibliográfica na referida área de conhecimento?

Há alguma forma de validação do curso no Ministério da Educação?

Qual foi o critério utilizado para o estabelecimento dos valores gastos com o referido curso?

Fonte: MPF

 




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