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Santarém(PA), Quarta-Feira, 24 de Abril de 2024 - 09:55
17/01/2022 as 08:38 | Por Redação |
MASSACRE EM SÃO FÉLIX DO XINGU: CPT diz que órgãos de segurança do Pará são limitados
CPT informa que, pelo tipo de arma, pela quantidade de tiros, trata-se de uma execução, provavelmente, a mando de alguém
Fotografo: Reprodução
Família de extrativistas foi executada com requintes de crueldade em São Félix do Xingu

Ainda repercute no Pará, no Brasil e em vários países do mundo, o assassinato de uma família de extrativistas, ocorrido no dia 09 de janeiro deste ano, no Município de São Félix do Xingu. 

 

Os corpos de José Gomes, conhecido como "Zé do Lago", de 61 anos, sua esposa Márcia Nunes Lisboa, 39 anos e de sua filha Joane Nunes Lisboa, 17 anos, foram encontrados na propriedade da família, na ilha da Cachoeira do Mucura, localizada às margens do rio Xingu, em São Félix do Xingu, Pará. A família foi assassinada a tiros. 

 

A Polícia Civil esteve no local e recolheu 18 cápsulas das armas utilizadas no crime. 

 

De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), pelo tipo de arma, pela quantidade de tiros disparados, por não ter sido levado nenhum pertence da família, pela forma como os assassinos surpreenderam as vítimas não permitindo que alguém corresse e tentasse escapar, trata-se de uma execução, provavelmente, a mando de alguém. 

 

"A família de José Gomes já residia no local há mais de 20 anos, desenvolvia trabalhos de preservação da floresta e mantinha um projeto de reprodução de tartarugas. Eram conhecidos e reconhecidos pelo trabalho ambiental que faziam. A terra ocupada por eles está em área de jurisdição do ITERPA e inserida na APA Triunfo do Xingú, uma área de preservação com mais de 1,5 milhões de hectares", informou, em nota, a CPT.  

 

Nos últimos anos, segundo a CPT, o desmatamento para exploração de madeira e criação extensiva do gado, tem avançado de forma descontrolada dentro da reserva, se aproximando cada vez mais da região onde a família de Zé do Lago tinha sua propriedade. Até o momento, a Polícia Civil do Pará, que investiga o caso, não apresentou qualquer resultado que indique quem foram os executores e quais as causas que motivaram os crimes. 

 

"São Félix do Xingu é conhecido por conflitos fundiários graves resultantes de ações de grilagens de terras públicas, desmatamento ilegal voltado à atividade da pecuária extensiva, invasões de terras indígenas e áreas de preservação, além da instalação de garimpos ilegais. Esses conflitos têm resultado em assassinatos de lideranças, chacinas e trabalho escravo", revelou a CPT.  

 

Dados da CPT mostram que nas últimas quatro décadas, 62 trabalhadores rurais e lideranças foram assassinadas no município em conflitos pela posse da terra. "Em nenhum dos casos houve julgamento de algum responsável pelos crimes, portanto, a taxa de impunidade é de 100%", criticou a CPT.  

 

Até o momento, de acordo com a CPT, não há informações se o crime tem motivação agrária, onde caberá à Polícia do Pará esclarecer as reais motivações da chacina.  

 

No Pará, nas últimas quatro décadas, a CPT já registrou 29 massacres com 152 vítimas. 

 

"No mesmo período, 75 lideranças foram assassinadas no sul e sudeste do Estado. Uma delas foi o sindicalista Ronair José de Lima, assassinado em São Félix do Xingu em 04/08/2016, cujos responsáveis pelo crime continuam impunes", afirmou a CPT. 

 

O que preocupa os movimentos e entidades de direitos humanos, segundo a Comissão Pastoral, são as limitações dos órgãos de segurança pública do Estado em esclarecer as responsabilidades e causas de muitos assassinatos ocorrido no campo paraense. Em maio de 2021, a CPT e SDDH apresentaram à SEGUP, uma relação de 09 lideranças camponesas, assassinadas entre 2017 e 2021 apenas nas regiões sul e sudeste do Estado em que os crimes não tinham sido ainda esclarecidos e os responsáveis identificados e punidos. O Secretário de Segurança Pública solicitou 15 dias para dar uma resposta, mas, passados oito meses, nenhuma resposta foi dada. Entre os casos relacionados está o de Fernando dos Santos Araújo, assassinado em 26/01/2021, na fazenda Santa Lúcia, município de Pau D’Arco. Ele era um dos sobreviventes e testemunha chave do massacre de Pau D’Arco, crime ocorrido em 24 de maio de 2017. Quase um ano depois do homicídio, o delegado que presidiu as investigações concluiu o inquérito sem esclarecer as causas que motivaram o crime. 

 

Por: Manoel Cardoso 

Fonte: Portal Santarém  

 

 




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