A Justiça de Goiás condenou ontem o médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, a 19 anos de prisão por crimes sexuais. A decisão é da juíza Rosângela Rodrigues, da comarca de Abadiânia, no interior do Estado.

Ele foi condenado a regime fechado, em razão da natureza do crime, que é considerado hediondo. Esse caso diz respeito à primeira denúncia recebida na comarca de Abadiânia, em janeiro de 2018, e envolve quatro vítimas, duas por violação sexual e duas por estupro de vulnerável.

Os crimes teriam ocorrido durante atendimentos espirituais na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia. A sentença do caso tem 198 páginas e foi elaborada em 15 dias. Já a instrução do processo levou oito meses.

João de Deus foi preso no dia 16 de dezembro do ano passado sob a acusação de violação sexual mediante fraude e de estupro de vulnerável, crimes que teriam sido praticados contra centenas de mulheres na instituição em que recebia pessoas em busca de atendimento espiritual. Segundo as denúncias, os crimes teriam ocorrido desde os anos 1990, sendo interrompidos em 2018, depois que os casos vieram à público.

O caso que levou à condenação de João de Deus ontem está sob segredo de Justiça. O médium ainda responde a mais dez denúncias por crimes sexuais. Nos relatos, as vítimas contam que o médium aproveitava momentos de atendimento para tocá-las. Em um dos casos, João de Deus teria pedido ao pai de uma das vítimas, uma jovem de 16 anos, que fechasse os olhos e rezasse durante o procedimento.

A condenação desta quinta-feira é a primeira por crimes sexuais. Em novembro deste ano, o médium já havia sido condenado por posse ilegal de arma de fogo. Três dias após ser preso, a Polícia Civil de Goiás encontrou na casa do médium R$ 405 mil e cinco armas - uma delas com a numeração raspada.

Em junho, a defesa de João de Deus recorreu ao Supremo Tribunal Federal para rever sua prisão preventiva. A defesa alegou que João de Deus, além de idoso - ele tem 77 anos -, tem insuficiência coronariana, e sua custódia "estaria fundamentada apenas no clamor público e no abalo à paz e à tranquilidade pela eventual soltura" do líder espiritual. O caso foi analisado pelo ministro Ricardo Lewandowski, que negou a concessão de prisão domiciliar ou conversão da preventiva do médium por outras medidas cautelares alternativas.

Fonte: Agência rasil