Em março de 2020, há exatamente um ano, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarava oficialmente a existência de uma pandemia causada por um novo vírus.
Ao longo dos meses, as consequências da Covid-19 se tornaram cada vez mais conhecidas. Atualmente, no Brasil, mais de 270 mil pessoas já perderam a vida por conta da doença.
Na capital do Pará, em Belém, o Hospital Público Estadual Galileu (HPEG) precisou adaptar o seu modelo assistencial para atender exclusivamente casos do novo coronavírus.
A unidade, mantida pelo Governo do Pará, sendo gerenciada pela Pró-Saúde, é um hospital de retaguarda na Região Metropolitana de Belém, responsável pelo tratamento de pacientes com traumas ortopédicos.
Nos meses de abril e junho de 2020, durante aumento dos casos de Covid-19 no Pará, o HPEG passou a atender pacientes com a doença. A unidade precisou adaptar a sua estrutura física e promover novos treinamentos junto aos profissionais de saúde.
“De forma estratégica, o HPEG se adaptou para atender os pacientes com a Covid-19. Por determinação do Governo do Estado, a unidade fez do combate à doença. Realizamos a contratação de profissionais, fizemos adaptações de infraestrutura exigidas pelas autoridades sanitárias e implantamos protocolos necessários para atuar na pandemia”, explica Thiago Zaché, diretor Hospitalar.
Durante a pandemia, 94 leitos clínicos e 10 de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) foram disponibilizados. No total, 216 pacientes com o novo coronavírus receberam atendimento na unidade e mais de 200 profissionais de saúde estavam à frente da assistência.
A humanização como apoio assistencial
O Hospital Galileu é gerenciado pela Pró-Saúde desde a sua inauguração, em 2014, sob contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). A gestão da entidade filantrópica é centrada nos princípios cristãos, estabelecendo vínculos fraternos para pacientes e colaboradores.
“Aliando empatia e atendimento humanizado, o paciente apresenta uma melhora mais rápida, pois o seu psicológico é reconfortado durante o tratamento”, comenta Louhana de Paula, psicóloga clínica do HPEG.
Mesmo com as limitações impostas pela pandemia, os projetos de humanização da unidade não pararam. Seguindo as orientações sanitárias de higiene e isolamento social, as ações foram adaptadas.
Para Lidiana Sousa, supervisora de humanização, é de grande relevância tornar o ambiente hospitalar mais humano. “Sabemos que o processo de recuperação pode ser doloroso. Por isso, levamos humor, descontração e leveza por meio de nossos projetos”, diz.
A musicoterapia é um dos projetos que continuaram. Criado em 2017, são apresentações musicais aos pacientes. “Como não podíamos trazer o músico voluntário, tivemos a ideia de gravar vídeos e fazer a transmissão por meio um telão, dentro das enfermarias. Foi um sucesso”, acrescenta Lidiana.
A psicóloga Louhana destaca que houve uma percepção e melhora na adesão ao tratamento, após a implantação da musicoterapia. “O estresse diminui e o paciente não fica apenas pensando na dor.”
Atualmente, cerca de 350 voluntários exercem atividades em hospitais gerenciados pela Pró-Saúde em diferentes regiões do país. Eles fazem parte do Programa de Voluntariado da entidade e atuam como contadores de histórias, oferecendo cursos e oficinas, na promoção de interações musicais, assistência religiosa, entre outras atividades.
Geovany Monteiro é um dos voluntários do Galileu. O saxofonista atua no projeto que leva música aos pacientes. Para ele, “a música tem a capacidade de mexer com o emocional do paciente, que está intimamente ligada à nossa alma, gerando sensações de alegria e paz. Poder levar isso, mesmo em um formato diferente, é gratificante”, relata.
Visitas virtuais aos pacientes
Devido ao período da pandemia, a presença de acompanhantes deixou de ser autorizada, conforme orientação dos órgãos de saúde. As visitas também foram canceladas para evitar a propagação do vírus.
Com o objetivo de auxiliar no conforto emocional dos pacientes, além de prestar apoio às famílias, o HPEG buscou usar as tecnologias para promover encontros entre pacientes e familiares.
“Muitos chegavam aflitos e preocupados por não conseguirem contato com seu familiar. Com a visita virtual, realizada por meio de tablets e smartphones, proporcionávamos o contato por meio de videochamadas”, explica Lidiana.
Inserido há 5 anos no Galieleu, a visita virtual, como é chamado o projeto, integra o plano de humanização da Pró-Saúde e tem o suporte da equipe de Tecnologia da Informação das unidades gerenciadas.
Emoção no momento da alta
No total, 149 pacientes receberam alta médica durante os 49 dias de atendimento exclusivo à Covid-19 pelo HPEG. Com projetos e iniciativas que demonstraram também o empenho dos profissionais durante a internação, após a alta do paciente eles também ganhavam homenagens.
Wanessa Silva, coordenadora de Enfermagem, comenta que “momento de despedida do paciente do hospital é emocionante. Principalmente após a recuperação de uma doença tão letal como a Covid-19”.
O aposentado Antônio Lameira, de 92 anos, foi o centésimo paciente a receber alta no HPEG. Após 7 dias internado, Lameira se recuperou do novo coronavírus e pôde voltar para a casa. “Poder levar meu pai para casa é gratificante”, disse um de seus filhos durante a alta.
O Galileu retornou ao atendimento de pacientes com traumas ortopédicos, no entanto, as consequências da pandemia ainda persistem. Os projetos e ações de humanização continuam no hospital e seguem no modelo de adaptação.
“A musicoterapia virtual se tornou ainda mais parte da rotina. Hoje, ela é apresentada aos pacientes das enfermarias e também na recepção do HPEG, sendo realizada, em média, a cada 15 dias”, conclui Lidiana.
Fonte: Portal Santarém e Ascom/HPEG