Sete meses depois do coronavírus (Covid-19) surgir na China e se transformar em pandemia, infectando e matando milhares de pessoas em vários países do mundo, o economista José de Lima Pereira analisa que os impactos na economia de Santarém, a segunda cidade mais importante do Pará, serão gigantescos em 2020. Além do colapso na saúde pública, o coronavírus também impactou a economia de Santarém em diversos segmentos.
Segundo José de Lima, a crise gerada pela pandemia tem números bem significativos e começa pelo Produto Interno Bruto Municipal (PIB-M), que poderá cair dos atuais R$ 4,97 bilhões, para R$ 4,84 bilhões, ou seja, uma queda de pelo menos 2,65% em 2020. O PIB per capita, que até o final do ano de 2019 foi de R$ 16.318,44, poderá cair para R$ 15.886,00.
Entre as atividades mais afetadas, de acordo com o economista, estão: o varejo tradicional, formado de pequenas mercearias, kit-boxes e mini-boxes, que conta com mais de 3,5 mil pontos espalhados pela área urbana (61%) e rural (39%) do município; o segmento de modas, especificamente confecções, calçados e acessórios, com mais de 2 mil pontos, que já amarga uma queda em pelo menos 15% de suas vendas nos últimos 90 dias; a construção civil, que vinha de vento em popa, teve que parar alguns dias, por conta da pandemia.
Nesse segmento, segundo dados do CREA/PA (2020), o município contava até o final do ano de 2019, com 4,5 mil obras em andamento. Porém, no pico da pandemia, teve mais de 60% delas paralisadas.
DERIVADOS DE PETRÓLEO
Lima explica que o segmento de combustíveis e derivados de petróleo, em razão da queda do preço do petróleo cru, nos últimos meses, no mercado internacional, em decorrência da redução drástica do consumo mundial, em que pesa a taxa de câmbio nas alturas, tem recuado com os preços na ponta.
Ele destaca que um dos postos que vendia, no final do ano de 2019, 900 m³, no mês de março, passou a vender 715,9 m³, ou seja, uma queda de 25,4%. No tocante, dos 75 postos revendedores do segmento que fecharam o ano de 2019 com venda de 22,3 mil m³ (22,3 milhões de litros), já fazem conta com uma queda de pelo menos 15% em 2020, mesmo com os preços dos combustíveis, momentaneamente em queda, que só não tem resultados mais acentuados em suas quedas, em face ao setor de transporte rodoviário de cargas, que se tornou essencial em meio à pandemia.
TRANSPORTES DE CARGAS E PASSAGEIROS
No segmento de transportes de cargas e passageiros intermunicipais, de acordo com Lima, as empresas vêm amargando sérios prejuízos, visto o isolamento social solicitado pelo Ministério da Saúde e seguido pelos decretos de governos estaduais e municipais, que impede de transportar passageiros, para algumas cidades, enquanto durar o cenário de pandemia. Muitas embarcações estão ficando em suas cidades de origem, reduzindo ao máximo o número de viagens, transportando apenas cargas, com o objetivo de promover o abastecimento, principalmente de alimentos, em toda a região.
Navios com passageiros de outros estados, como Amazonas e Amapá, em alguns meses, foram proibidos de atracar em Santarém (cidade polo).
Além de barcos, segundo Lima, outros segmentos também estão relacionados ao consumo de combustíveis e derivados de petróleo, como os de venda automotiva (veículos, caminhões, motocicletas e outros), que amargam queda nas vendas em pelo menos 30% em relação à média de vendas do ano passado.
SETOR DE MECÂNICA
Lima aponta que no setor de mecânica (leve e pesada), a queda média no primeiro trimestre de 2020 chegou a 11,5%. As oficinas, que até o mês de janeiro, estavam lotadas de veículos, hoje estão com os seus pátios utilizando 60% da capacidade instalada.
CRISE NO TURISMO
De acordo com Lima, o setor de turismo, também foi prejudicado com a pandemia. “Entretanto, o primeiro semestre foi momento em que, hotéis e pousadas entraram em período de manutenção e reformas, muito embora, o número de reservas para este período, em decorrência das incertezas, tiveram seus números reduzidos em 20%, com relação ao mesmo período de 2019”, informou.
PRODUTO INTERNO BRUTO
O Produto Interno Bruto (PIB) que é uma equação que soma o consumo das famílias (C), mais os investimentos privados (I1), mais os investimentos públicos (I2), mais os gastos do governo (G), mais as exportações (X) e menos a importações (M), segundo Lima, teve seus resultados no primeiro semestre do ano, alterados.
Ele mostra que houve queda no consumo das famílias, com as exceções do consumo de água, energia, internet e outros serviços de utilidade pública; redução dos investimentos privados, principalmente na aquisição de bens de capital e na construção civil; redução dos investimentos públicos que tiveram seus orçamentos deslocados para a saúde, justificados por medidas emergenciais; elevação dos gastos do governo, especialmente no segmento da saúde pública; manutenção das exportações, principalmente os contratos de agronegócios que já estavam pautados e; a redução das importações, principalmente de produtos da China.
Por: Manoel Cardoso
Fonte: Portal Santarém