Depois de analisar os últimos acontecimentos relacionados a Amazônia e o oeste do Pará, como a realização de um seminário em Brasília, que debateu queimadas na floresta e a prisão de quatro brigadistas em Alter do Chão, o coordenador da Frente em Defesa da Amazônia (FDA), padre Edilberto Sena teceu duras críticas ao presidente da República, Jair Bolsonaro.
Em Brasília, segundo padre Edilberto, ao mesmo tempo em que o governo Bolsonaro lançou mais prejuízos aos trabalhadores, jovens e aposentados, houve algo bom e importante.
Ele acrescenta que num salão da Câmara Federal, um deputado comprometido com a justiça e defesa do ambiente, convocou vários pesquisadores e militantes populares para um seminário com o tema intitulado: "Desmatamento e queimadas na Amazônia: tendências, dinâmica e soluções".
"Foi um dia inteiro de intercâmbio de informações entre o saber dos pesquisadores e o saber dos militantes das lutas dentro da Amazônia", destacou Sena.
Durante o evento, o oeste do Pará esteve representado por militantes de Xingu e Tapajós.
Para padre Edilberto, uma constatação feita por todos, é de que a Amazônia está transformada num armazém dominado pelos extrativistas de minérios, madeira e agronegócio.
"O governo atual não tem o menor compromisso com os povos tradicionais da nossa região, simplesmente facilita a invasão e o saque das riquezas sem deixar nada de melhoria de qualidade de vida. Basta olhar os ribeirinhos e indígenas do Tapajós, hoje tomado pelos garimpos e os portos graneleiros de empresas de fora", declarou, Sena.
Mesmo com muitos problemas de cunho governamental relacionados à Amazônia, de acordo com padre Edilberto, o seminário em Brasília foi proveitoso.
"Uma conclusão do proveitoso seminário foi que só sairemos dessa destruição total se unidos e bem planejados enfrentarmos os destruidores de nossa casa comum. Sessenta pessoas participaram do seminário, apenas três deputados federais participaram e apenas um da Amazônia", argumentou o religioso.
CASO ENVOLVENDO BRIGADISTAS
Outro acontecimento da semana que merece compreendermos e tirarmos conclusão, segundo padre Edilberto, foi a prisão dos quatro brigadistas de Alter do Chão, durante a operação "Fogo do Sairé".
"Foi uma triste novela da prisão dos jovens brigadistas em Alter do Chão. O que foi mesmo que aconteceu? Quais as causas do barulho provocado pela polícia civil de Santarém? E que pode estar por trás do caso? Bem, o fato foi a prisão de quatro jovens brigadistas voluntários. Foram acusados pelo delegado de plantão, de terem provocado o incêndio nas matas por trás do lago Verde de Alter do Chão", comentou Edilberto Sena.
Ele ressalta que ao mesmo tempo que policiais prenderam os brigadistas, outro pelotão foi ao escritório da organização Projeto Saúde e Alegria, onde arrancaram e levaram documentos e computadores.
"Um deputado federal do Pará, arrogante e desinformado publicou pela rede social acusação de que os rapazes seriam terroristas que teria provocado as queimadas. Curiosamente em 48 horas, depois que o delegado colocou nas mãos do Juiz a papelada acusatória e depois que o Juiz já tinha enviado os prisioneiros para presídio do Cucurunã, o mesmo Juiz voltou atrás e mandou libertar os rapazes", analisa o religioso.
Por conta disso, de acordo com ele, muitas questões ficaram em dúvida, no que diz respeito à prisão dos brigadistas. "A essa altura ficou uma pergunta aos dois acusadores: A polícia foi ingênua no caso? Desde quando a polícia é ingênua? E o Juiz que mandou jogar os rapazes no presídio, em seguida mandou soltá-los, será que ele se arrependeu? Cometeu um pequeno engano? Se foi ingenuidade, como ele descobriu o erro em tão pouco tempo, 24 horas? Vários meios de comunicação da cidade, inclusive a Rádio Rural se apressaram em fazer cobertura imediatamente após a prisão e acusação do delegado", mencionou, Sena.
Por: Manoel Cardoso
Fonte: Portal Santarém